quinta-feira, 26 de novembro de 2009

As algemas do tempo



Como pode algo aprisionar o tempo?
Como é possível a todo o momento poder se ver...
Rever, comparar, relembrar, sorrir e chorar
apenas com um registro dessa fábrica de emoções?

Porque elas registram a vida de forma muda.
Sem som, sem áudio, sem barulho,
Relembram nossa vergonha,
nossos motivos de sorriso,
nosso orgulho!

As fotografias nos fazem voltar ao passado,
e em fração de segundos,
lá estamos nós de novo, mais feios, mais bonitos...
Bronzeados ou pálidos, e até ridículos.
Não, as fotografias não são fruto de uma máquina,
elas são as algemas do tempo!

Porque a fotografia de meu pai, minha mãe e meus irmãos
me lembram que eu tenho uma família,
mesmo que cada uma já tenha tomado um rumo diferente,
quando eu olho, todos estão lá,
naquela foto, felizes, sorridentes.

A fotografia que ilustra esse texto me
lembra que o homem prefere ir a lua,
ou gastar bilhões em armas,
bolsas, de couro ou de valores,
do que matar a fome de uma nação inteira.
Essa foto me revolta, e mostra o lixo que eu, você
e toda a sociedade se tornou.

As fotografias premiam...
Alegram...
Causam furor...
Excitam, incitam...
Revelam amores,
reacendem rancores...

Mas no acervo de nossa vida somente as especiais ficam.
E assim vamos guardando o nosso passado,
Para nos levar sempre que quisermos rever
pessoas, lugares e situações,
que não queremos e não podemos esquecer,
nunca...
jamais.

2 comentários:

  1. A foto do texto me traz uma lembrança. Eu tinha uns 14 anos ( não tem taaaaaanto tempo assim) e estava na casa de uma amiga e vizinha. Não me lembro bem o que fazíamos, sei que eu estava sentada na sala, em uma das cadeiras da mesinha redonda que ficava lá. Então eu abri um livro de História, não me lembro bem a série , devia ser da 8° série. Me deparei com essa foto. Por mais que minha mãe tenha ficado viúva quando meu irmão mais velho tinha apenas 9 anos, somos 4, minha mãe foi tão guerreira, que só hoje, tenho consciência das dificuldades pela qual passamos. Ela cuidou de nós. Ver essa criança me compadeceu tanto e ainda era uma realidade que eu não conhecia! Penso hoje que, o que mais me doía, era a minha "impotência" diante da situação que aquela foto revelava, e também o você disse sobre eu ser um "lixo". Não sei se fui no culto nesse mesmo dia, ou em outro, mas aquilo ficou na minha mente, e até aquele momento eu pensava na foto. E eu orei a Deus. Então uma moça, o nome dela era Aline, veio e me abraçou, e orávamos, eu em silêncio e por aquela criança. E no fim a Aline me disse que Deus se agrava do meu coração, apesar de ela não ter ouvido a minha oração. Eu fico pensando no que Ele me diria hoje.
    Eu ainda oro. Mas me sinto muito mais impotente e lixo do que naquele dia.

    Sim! As fotos servem "para nos levar" como você disse. Inclusive aos lugares aonde ainda precisamos ir.

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  2. P.s. Mais uma gentileza...
    Como agente faz pra ter a fotos que não tiramos?

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