segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Ninguém morreu...

O mundo não é justo, e jamais será, ponto. Pode parecer maquiavélico, ardiloso, não sei definir, mas enquanto não encaramos a morte frente a frente, na nossa casa, ou na casa do vizinho, não paramos para pensar o porque nós reclamamos tanto.

Há dois meses perdi um grande amigo, e hoje, a mãe dele faleceu. A família dele coitado, está totalmente desesperada e desamparada. Sobraram o pai e os dois irmãos mais novos. Quando penso que já sofri alguma coisa nessa vida, e me deparo com uma situação dessas, vejo que choro de barriga cheia, porque na minha casa ninguém morreu. Todo sofrimento por amor, por desamor, por indiferença, ou qualquer tipo de sentimento relacionado a relacionamentos se tornam pífios, rasos perto da morte.

Escrevo sobre amor, e já escrevi aqui sobre coisas que sofri, mas em todo este tempo, meus amados irmãos, pai, mãe, enfim, minha família, graças a Deus, estão todos lá, trabalhando, vivendo suas vidas com paz e saúde.

Tenho uma amiga que tinha se separado do marido depois de cansar de tanta traição. Chorou horrores, disse que havia visto a morte de frente, e imaginava que não passaria por nada pior, até o dia que ela ficou sabendo que sua mãe estava com câncer. A partir daí, ela desejou com a sua própria alma que todo o sofrimento de sua vida fosse somente aquele. Um choro por causa de um homem que não valia nada. Ela estava pronta para trocar o câncer da mãe pelo traste com o qual havia se casado, porque para a sua vida conjugal nada estava perdido, mas a saúde da mãe, essa sim, está no fim.

Quando olho para trás e vejo o quanto Deus já me guardou, e principalmente a minha família, vejo que cada lágrima que derramei por questões sentimentais ou por qualquer outra coisa não é nada perto do que a família deste meu amigo está passando agora. Eu sei, como eu disse, não parece justo se alegrar porque a desgraça do outro não está dentro da sua casa, mais parece um ato de falta de compaixão, mas infelizmente é assim.

Se todos os que reclamam da vida passassem um dia nos corredores do Hospital do Câncer, e visse ali centenas de homens, mulheres e crianças definhando após as sessões de quimioterapia, perceberiam que nada está perdido, porque pelo menos ninguém morreu.

Tem horas que me dá vontade de apagar tudo o que já escrevi aqui nesse blog. Porque parece que eu dou muito valor numa área da minha vida, e esqueço das outras. Mas, tem a plena consciência que isso faz parte da vida também. É o nosso dia a dia. Mas podem ter certeza, situações com a de hoje me mostram que tudo que passei, passo, ou vou passar em relação a essa área de nossas vidas é totalmente reversível, mas a saúde e a vida, para muitos é uma viagem sem volta.

Dou graças a Deus pela minha vida, pela minha família, pois todos estão saudáveis, alegres, com problemas, uns sérios, outros nem tanto. Mas o natal sempre vem, e todos estão lá, como sempre foi, e como sempre será, até o dia em que um de nós passar para o outro lado da situação, mas bendito seja Deus porque pelo menos até agora...

Ninguém morreu, e isso é o que interessa.

Isso serve para darmos valor as coisas da vida, as mínimas coisas, e reconhecermos que não somos nada, mas nada mesmo nesse mundo.

3 comentários:

  1. É isso aí, amigo...Ninguém morreu...AINDA. A morte é a única certeza que temos aqui nesta vida e é a mais ignorada até que de uma maneira ou de outra nos deparamos com ela... Por ironia ao pensar na morte amamos mais a vida, valorizamos as pessoas que nos cercam ("É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, pois amanhã...), os problemas que enfrentamos se tornam insignificantes e o amor... é preciso vivê-lo com toda intensidade, com seus revezes, seus paradoxos, seus mistérios, pois conforme preconiza a Palavra de Deus, tudo passa... mas o amor permanece... "O AMOR É FORTE COMO A MORTE"...Cantares 8:6. Por isso amigo poeta... Vamos continuar celebrando a vida, falando de amor... Deus te abençoe!

    Jackie :)

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  2. Engraçado...Hoje mesmo eu estava conversando sobre isso com uma amiga que tenho de longa data. Ela falava sobre sua mãe , que já faleceu há algum tempo.Ela disse:" Sabe quando agente era feliz e não sabia?" Ela reclamava que quando chegava em casa não tinha ninguém pra fazer um chá pra ela. E é assim mesmo...
    Ela me disse que sempre que ela chegava do trabalho a mãe tinha deixado preparado um prato com a janta. E às vezes ela chegava e a mãe dizia pra ela procurar a porção de bolinho de chuva dela, que estava debaixo da panela virada no armário. Aí quando era hora de ir para o ponto ( apesar de ser interior a casa dela ficava em uma vila um pouco afastada do centro), a mãe dela ia levando o café. Então ela ia pelo caminho com a mãe comendo bolinho de chuva e tomando café. As pessoas diziam: Eh "fulana" só mãe pra fazer isso mesmo né?Eu também perdi a minha mãe. Tenho boas lembranças. Ela foi uma grande guerreira. Eu amava quando chegava da EBD no domingo e, ela tinha preparado frango ao molho de milho e abobrinha. Ela colocava pimenta calabresa e ficava muito bom! Também me lembro quando eu estava na faculdade ( que não terminei) , e tinha que trabalhar no período vespertino , então ela fazia meu almoço + um suco, e quando eu chegava no ponto , que ficava dentro da universidade , ela estava lá. Então ela ficava comigo até que meu ônibus passasse. Quando eu era pequena ela dizia que ia fazer de mim uma bolinha e jogar em seu coração. Assim que meu pai faleceu passamos a dormir juntas ( eu tinha 03 anos) , quando cheguei a adolescência eu pedi para ter um quarto pra mim. Pra que? Ela ficou ofendida, disse que eu não queria mais dormir com ela porque ela estava velha. rs!!! Chantagem!!! Eu cedi né? Mami é mami. Ela nunca me bateu (nos meus irmãos sim: D, rs!) , ela dizia que não queria fazer comigo o que a avó dela fez com ela. Era “tipo brava” , bastava me olhar que eu já sabia o que fazer. Mas eu nunca tive medo de contar as coisas erradas que eu fazia. Tinha meio que medo ou vergonha de que ela ficasse sabendo por outras pessoas. Enfim... chega né? Tá ficando chato... rs eu poderia tomar todo tempo do mundo falando disso. Quando ela partiu foi terrível! O outro dia é a coisa mais estranha do mundo! Porque o cheiro da pessoa ainda está nas coisas...enfim...
    Mas sabe eu fico muito feliz por poder ter tantas boas lembranças dela. E as coisas que me ensinou, que só hoje eu entendo. Eu tenho uma cicatriz, mas ela me traz ótimas lembranças e isso é algo raro, e são feridas assim que os que AMAM deixam, e essa é uma graça de Deus é uma dádiva poder chorar por perder alguém amado. Eu não me sinto triste quando sonho com ela, é como se eu pudesse matar um pouco a saudade. Mas algo me deixa muito triste, eu não a abracei o bastante. E por muitas vezes eu quis discutir enquanto eu poderia simplesmente dizer: Tá certo mãe. Como a senhora quer que eu faça? E você tem razão! Eu não me lembro a vez que eu não tenha me frustrado ( emocionalmente) , mas eu passaria tudo de novo se me dissessem que isso preservaria a vida dela. E que agente poderia tomar Sundae no MC donald’s, ou comer uma coxinha com suco depois ter feitos as compras do mês ( sim! Sou comilona as vezes) , mais uma vez. Mas eu sei que um dia agente vai se ver de novo e que vai ficar tudo bem. Eu não pergunto mais a Deus: Porque? Qual o propósito em algo que é cruel? Porque não adianta. Sei que quando me encontrar com Ele não vai ser mais necessário que se diga nada. Então?! Eu agradeço porque eu fui muito feliz. E hoje eu sei! ;)

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  3. P.S.: Mais uma gentileza?
    Um dia iremos dizer por cada lágrima de amor derramada: Graças a Deus! Ainda bem que foi assim!
    Mas claro digo isso pelos que só passaram e não pelos que partiram.
    Nele ( em Deus) tudo ficará bem!

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